sábado, 1 de maio de 2010

BARREIRO - AV. ALFREDO DA SILVA, nº. 37

ACRÍLICO SOBRE TELA 50cm x 40cm
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Foto 1

Foto 2

Estúdio de Artur Resende na av da Bélgica-demolido em 1962

Recordamo-nos desta avenida desde os tempos em que se denominava Avenida da Bélgica. Aí por 1947, nós, com 10 anos de idade, que morávamos por traz do campo do Luso íamos, a pé, para o então Colégio do Seixas (do inesquecível Ti Zé Careca). E sozinhos como era usual! Atravessávamos a, então, Avenida da Bélgica que nesses tempos fervilhava de vida e movimento. Nessa época toda a gente andava a pé e havia a CUF e a CP que tinham muitos trabalhadores que laboravam por turnos e folgavam, muitas vezes, nos dias de semana. Na CUF havia secções com 24 horas de actividade, com 3 turnos. Na CP havia os maquinistas, fogueiros, revisores, etc., etc., que também muitas vezes estavam de folga nos dias de semana. O pessoal dos barcos, idem, idem, aspas, aspas. A maioria das mulheres eram domésticas e preparavam as refeições para os maridos e filhos. Daí que o mercado 1º. de Maio se enchia diariamente, ou com compradores ou com “mirones”. Portanto, era natural ver-se muita gente nessa avenida. Minha mãe ia 2 a 3 vezes por semana ao mercado. Como disse acima vinha de traz do campo do Luso. E eu, gaiato, ia ajudá-la a trazer o carrego das compras.

Entre os 2 mercado (produtos hortícolas e peixe) e ao redor do mercado juntava-se um sem número de vendedores ambulantes e os chamados propagandistas da “banha da cobra”. Ao seu redor juntava-se o povoléu ora para ver ora para comprar.

Lembro-me que um dia apareceu um sujeito com uma banquinha a vender uma solda milagrosa. Naqueles tempos usavam-se panelas e tachos de esmalte que com o tempo iam furando. Eram os “amola tesouras” que as arranjavam. Mas o tipo pegava na barrinha de solda por uma ponta, colocava a outra ponta ao lume, esfregava no tacho e os buracos desapareciam como que por milagre. Estava resolvido o problema e minha mãe vá de comprar duas barrinhas. Chegada a casa foi de imediato experimentar a solda. Muniu-se do tacho furado, colocou a barra sobre o lume e nada. Esfregava no esmalte e niqueles. Experimentou dobrar a barra e eis que esta se quebra em duas. Aquilo parecia uma barra de plástico ou substância semelhante pintada de prateado. Mais uma que caíra no conto do vigário.

Lembramo-nos que a Av. da Bélgica tinha passeios estreitos de ambos os lados, 2 faixas de rodagem e uma placa central com árvores. O piso para carros era empedrado. E maravilha das maravilhas, nunca se viam carros estacionados na placa central. Bons tempos! Não era por as pessoas serem mais respeitadoras mas é que não havia automóveis.

Procurámos na net referências sobre a Av. da Bélgica. Gostávamos de colocar aqui uma foto desse tempo. Mas não encontrámos nada. Apenas algumas fugazes referências que a seguir citamos e a que a foto acima, a preto e branco, se refere.

“Artur Resende - Nascido também em Ovar, efectuou um percurso semelhante ao irmão vindo trabalhar para junto dele no início da década de 1920, tendo rapidamente ganho o gosto pela fotografia.

É neste período que a casa fotográfica passa a funcionar em conjunto com os dois irmãos Rezende, passando a assinarem os seus trabalhos com «Photografia Resendes».

Em 1925 os trabalhos de Artur Resende mereciam uma menção honrosa na Exposição Nacional de Fotografia, realizada nos Armazéns Grandella.

Em 1928 Artur Resende construía e inaugurava o seu novo estúdio fotográfico na nova artéria do Barreiro, a avenida da Bélgica, em resultado de uma troca efectuada com a Câmara Municipal do Barreiro para a abertura da mesma avenida em 1922.”

Também colhemos a informação de que a 4º. Sede do Luso Futebol Clube se localizava na Av. Da Bélgica nº. 16

E é tudo.