quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

CONVENTO DA MADRE DE DEUS DA VERDERENA

Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm


Xilogravura do meu saudoso amigo Manuel Cabanas

Foto

Convento da Madre de Deus da Verderena

Convento de estilo Arrábido fundado por D. Francisca de Azambuja em 1591 e reedificado em 1707 por D. António de La Concha. Em 1843 sofreu alterações para habitação. Em 1996 foi restaurado pela Câmara Municipal do Barreiro, instalando-se no seu interior um Pólo da Biblioteca Pública e o Sector do Património Histórico-Cultural da Câmara Municipal do Barreiro.

Um pouco de história (do livro Barreiro Antigo e Moderno de Armando da Silva Pais):

Localizado na Verderena Grande foi este o 2º. Convento que os frades Franciscanos de Santas Maria da Arrábida fundaram na periferia do concelho do Barreiro. O 1º. Convento da mesma ordem religiosa, já destruído, foi o de Nª. Senhora dos Prazeres, em Palhais.

D. Francisca de Azambuja, grande proprietária, viúva e sem filhos, manifestou o desejo de ser ela a mandar construir o convento da Verderena, tendo a 1ª. Pedra sido lançada a 18/12/1591, dia em que a igreja comemora a Expectação do parto de Nossa Senhora, pelo que foi denominado Convento da Madre de Deus.

O antigo convento foi destruído, com excepção da pequena igreja, e levantado novo edifício em 1707. É este edifício que, no aspecto geral exterior, chegou aos nossos dias, de traça modesta e sem qualquer particularidade de valor artístico.

Em 1804, Frei Nicolau de Oliveira, no seu “Livro das Grandezas de Lisboa”, citando a Verderena, diz: “Aqui há um Mosteiro de Capuchos Franciscanos, no qual estão doze Religiosos”.

Na frontaria da capela deste convento está colocada uma lápide que pertenceu ao convento dos frades arrábicos de Palhais, a qual nela indicava o sítio da cela onde viveu S. Pedro de Alcântara, seu 1º. Guardião. Alguém de lá a retirou, colocando-a no da Verderena a que não podia, de maneira alguma, pertencer, pois quando este convento se fundou, já não era do número dos vivos o respeitável religioso espanhol.


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

BARREIRO - Rua Almirante Reis, nº. 155

QUADRO Acrílico sobre tela 40 cm x 30 cm

Foto

Foto

Rua Almirante Reis, nº. 155

Este edifício que foi, entretanto, reabilitado, como se pode ver numa das fotografias (na 2ª.) aqui expostas, era de certo modo bastante “folclórico” nomeadamente pelas plantas e flores que envolviama casa.

Lemos algures, mas sem grande base de sustentação, que Álvaro Velho poderia ter aqui vivido. Se, como dizem nasceu e viveu no Barreiro, nalguma das suas casas deveria ter residido. Há também quem sustente que Álvaro Velho, na verdade, não nasceu nesta cidade. Aqui fica a referência para que alguém com mais conhecimentos do que eu sobre esta questão possa dar o seu contributo.

Verdade, verdade é que nesta casa funcionou, alguns anos atrás, um bar pertencente a Mariete Pessanha e/ ou ao seu marido o Mário (Locas). Só isso justificará a existência dum aparelho de ar condicionado que foi, entretanto retirado mas do qual ainda se vêm os fios e a base que o sustentava.

Pela “beleza” que em tempos esta casa teve, decidimos perpetuá-la, pintando-a.

Aqui fica pois para memória futura.

Seguem-se 3 referências a Álvaro Velho respigadas algures na net:

Álvaro Velho - Pela forma com Álvaro Velho é tratado, de que são exemplo as passagens destas duas cartas, conclui-se que seria personagem da estima do soberano. O ser natural do Barreiro, não podemos neste momento afirmar que o não fosse, mas o facto de ser grande proprietário em Évora, Alentejo, região de onde (provavelmente) era natural Vasco da Gama, e com ele ter embarcado para a Índia, suscita-nos dúvidas quanto ao ter nascido no Barreiro, terra, aliás, onde até hoje não foi encontrada referência à sua passagem e muito menos documentos de propriedades suas. (via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Escrivão de bordo (séculos XV e XVI). Pouco se conhece da sua vida, mas sabe-se que integrou a expedição de Vasco da Gama, que, partindo de Lisboa a 8 de Julho de 1497, abriu o caminho marítimo para a Índia. É-lhe atribuída a autoria do diário de bordo daquela viagem, texto que foi deixado anónimo e incompleto. Existem também referências a um Álvaro Velho, natural do Barreiro, que permaneceu vários anos na Guiné, no início do século XVI, o que leva a supor que o escrivão tenha iniciado a célebre viagem, desembarcando depois na costa de África. Existe na Biblioteca Municipal do Porto uma cópia manuscrita do diário, oriunda do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.

GRAMÁTICA POÉTICA - Álvaro Velho (século XV-XVI) terá nascido no Barreiro em data incerta e participou como marinheiro ou soldado na expedição de Vasco da Gama à Índia. Segundo Valentim Fernandes, terá passado oito anos na Guiné (1499-1507). O diário de bordo de Álvaro Velho, Roteiro da Índia, chegou até nós incompleto, desconhecendo-se o manuscrito original. A cópia encontra-se na Biblioteca Pública Municipal do Porto. O Roteiro da Índia, ou Roteiro da Viagem que em Descobrimento da Índia pelo Cabo da Boa Esperança fez D. Vasco da Gama em 1497, foi publicado no Porto em 1838.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

BARREIRO - CLUBE NAVAL BARREIRENSE


Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm













Respigado do site do Clube Naval Barreirense:

A formação do Clube Naval Barreirense remonta ao ano de 1925.

Até 10 de Setembro (de 1925) não existiram instalações para a prática dos desportos náuticos, foi nessa data que, junto ao moinho do “Gim” que o Clube Naval Barreirense, ... construiu em madeira o seu primeiro posto náutico.

Em 1927 o Clube Naval Barreirense organizou a primeira travessia do Barreiro a nado.

No decorrer das cerimónias tradicionais dos seus festejos náuticos, a 5 de Outubro de 1929, a Sede Social do Clube Naval Barreirense, transferiu-se para um novo local, este agora no sítio da Praia Norte do Barreiro.

A 21 de Junho de 2000 a Câmara Municipal do Barreiro premeia com a atribuição de um troféu de Bons Serviços e Dedicação o Clube Naval Barreirense.


sábado, 7 de novembro de 2009

Barreiro - O Moinho Pequeno


Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm
Foto 1

Foto 2

MOINHO PEQUENO

Os moinhos de marés e de vento foram introduzidos na zona de Alburrica para a moagem de cereais e descasque do arroz e alguns destes moinhos fazem ainda parte do património cultural do concelho, como por exemplo o Moinho Pequeno (de marés) e os moinhos de Alburrica e do Jim (de vento).

O moinho pequeno com três pares de mós, foi construído em meados do século XVIII, tendo encerrado há muito tempo e encontrando-se, presentemente, em ruínas. Também este moinho moia trigo e nele se fabricavam ainda massas. Pertenceu a José Pedro da Costa. Está localizado junto do largo que lhe tomou o nome, isto é, Largo do Moinho Pequeno transversal à Rua Miguel Pais. É, actualmente, também, propriedade particular.

Julgamos ser oportuno divulgar aqui alguns extractos do que a revista UM OLHAR SOBRE O BARREIRO, nº. 3, publicou em Dezembro de 1985, pela pena do arquitecto Cabeça Padrão:

“MOINHO PEQUENO, Na Cidade, lado poente (o mais bem conservado dos 3)

Construído no Séc. XVIII (?). Tinha 3 moendas. Farinava cereais e nele se fabricavam, também, massas alimentícias. Pertenceu a José Pedro da Costa. Era de Joaquim do Rosário Costa em 1884. Desconheço quando deixou de laborar e em que condições.

Este poderia ser um excelentíssimo espaço museológico de arqueologia industrial e naval barreirense no seu período anterior à Revolução Industrial, como temos vindo a sugerir em reuniões na Câmara Municipal.

A recuperação deste moinho, integral e no seu funcionamento (sem a fábrica, é evidente), implica a recuperação da correspondente “caldeira”... QUE GRANDE SALA DE INSTRUÇÂO PARA AS ESCOLAS, E POPULAÇÂO EM GERAL."

Noutro ponto do seu artigo, escrevia o arquitecto:

“Acontece que esta área noroeste do Barreiro (Alburrica), ameaçada com aterros na sua textura – tendo em vista o equilíbrio ecológico do rio, a rara concentração exemplar de arqueologia industrial (moinhos de vento, moinhos de maré, estaleiros) , o excelente panorama de que o rio oferece, e ser ainda o logradouro urbano de maior vastidão e qualidade que o Barreiro possui – acontece que esta área, dizia, nos tem merecido de alguns anos a esta parte cuidados urbanísticos de preservação de natureza geográfica-cultural que, aqui e ali, temos vindo a predicar. Trata-se do último reduto da génese fundamental deste aglomerado urbano de pescadores que, por séculos, se processou no seu diálogo constante com o rio de que depende – pescadores, estaleiros, moinhos de maré e de vento, passagem de comércio entre o sul e a capital que fornece de serviços, mão-de-obra e matéria prima.

...

Em verdade, algo terá de ser feito nesta área tão sensível e, neste momento, em tão profundo estado de degradação. É urgente uma intervenção urbanística planificada...

Felizmente a Câmara Municipal do Barreiro é de maioria APU, o que significa a garantia dos superiores interesses populares em jogo.”

Isto dizia Cabeça Padrão em 1985. A Foto nº. 1, acima, é de 1984. O moinho pequeno ainda estava bem conservado como dizia o arquitecto. Hoje, vejam a Foto nº. 2, tirada em 2008, e o estado de completa degradação em que está o Moinho Pequeno. A incúria das autoridades é tal que não há palavras para classificar esta atitude. Dizia o arquitecto que estava tranquilo em 1985 por a C.M.B. ser de maioria APU. 25 anos depois, como deve o arquitecto estar às voltas debaixo dos torrões, e a maldizer a sua crença nessa força política. Nessa e porventura nas outras, pois ninguém é sensível à cultura, ninguém se manifesta em sua defesa.

E AGORA FORAM CONSTRUIR MESMO “EM CIMA” DO MOINHO PEQUENO E DENTRO DO RIO UM VERDADEIRO MAMARRACHO. SERÁ A ISTO QUE “ELES” CHAMAM “DEVOLVER O RIO ÀS PESSOAS?”

OU É, ANTES, METER AS PESSOAS DENTRO DO RIO? VESTIDAS E TUDO!!! OU MELHOR, DENTRO DO LODO!!!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ex-libris do Barreiro ou ex-CUF

Acrílico sobre tela 30 cm x 40 cm
Foto 1
Foto 2

Atribuímos a este quadro a designação de Ex-libris do Barreiro pelo facto de a chaminé que se vê à esquerda ser, realmente, um símbolo representativo desta cidade, assim como, a Torre Eiffel é o símbolo ex-libris de Paris. Por outro lado, a construção em ruínas que se vê no quadro começa também a ser uma imagem representativa desta cidade; é só acompanhar a degradação e a destruição do Barreiro Velho para chegarmos a essa conclusão. E se não se der a volta à situação que se vem acentuando da diminuição da população também as habitações hoje com a indicação de “vende-se” amanhã serão também elas verdadeiras ruínas.
A designação de ex-CUF é por demais evidente; trata-se, na verdade, duma chaminé das antigas instalações fabris da CUF que, como se sabe, pertence ao passado.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Ainda Eça, o Barreiro e o "primo Basílio"

Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm

Foto
Silva Porto, quadro, óleo sobre madeira (reprodução)

Em 22 de Julho de 1866, Eça de Queirós conclui a formatura em Direito, na Universidade de Coimbra. Logo em fins de 1866, princípios de 67, vai viver para Évora. Aí funda e dirige o jornal “Distrito de Évora”, cujo 1º. número sai em 6 de Janeiro de 1867. Em 28 de Julho do mesmo ano abandona a direcção do jornal que fundara e regressa a Lisboa.

Em Novembro de 1876, 10 anos depois, conclui a redacção de O Primo Basílio. Só em 28 de Fevereiro de 1878 este livro surge nas livrarias.

E é, precisamente deste livro de Eça que respigamos a seguir 2 curtas passagens. E porquê? Porque em ambas Eça de Queirós se refere ao Barreiro. Na sua curta passagem pelo Alentejo (fins de 1866 até Julho de 1867) deverá ter viajado muitas vezes entre Lisboa e Évora via Barreiro. Apanhava o vapor em Lisboa e aqui o combóio para Évora. Daí o personagem principal deste romance (Jorge) ser eng. de minas e visitar por essa razão o Alentejo. São, naturalmente, reminiscências da sua passagem por Évora.

De “O Primo Basílio”

1ª. Transcrição:

Jorge enrolou um cigarro, e muito repousado,muito fresco na sua camisa de chita, sem colete, o jaquetão de flanela azul aberto, os olhos no teto, pôs-se a pensar na sua jornada ao Alentejo. Era engenheiro de minas, no dia seguinte devia partir para Beja, para Évora, mais para o sul até S. Domingos; e aquela jornada em Julho, contrariava-o como uma interrupção, afligia-o como uma injustiça. Que maçada por um verão daqueles! (…)

Sebastião começou a tocar a “Malaguenha”. Aquela melodia cálida, muito arrastada encantava-a. Parecia-lhe estar em Málaga, ou em Granada, não sabia; (…)

-Muito bem, Sebastião! Gracias!

Ele sorriu, ergueu-se, fechou cuidadosamente o piano, e indo buscar o seu chapéu.

-Então amanhã às sete? Cá estou, e vou-te acompanhar até ao Barreiro.

Bom Sebastião!

Foram debruçar-se na varanda para o ver sair. A noite fazia um silêncio alto, de uma melancolia plácida; (…)

-Que linda noite!

2ª. Transcrição:

Aquele quarto estava tão penetrado da personalidade de Jorge, que lhe parecia que ele ia voltar, entrar daí a bocado… Se ele viesse de repente!... Havia três dias que não recebia carta – e quando ela estivesse ali a escrever ao seu amante, num momento o outro podia aparecer e apanhá-la!... Mas eram tolices pensou. O vapor do Barreiro só chegava às cinco horas; e depois ele dizia na última carta que ainda se demorava um mês, talvez mais…

Sentou-se, escolheu uma folha de papel, começou a escrever, na sua letra um pouco gorda:

“Meu adorado Basílio”

sábado, 3 de outubro de 2009

Barreiro - Capela de Santo António da Misericórdia

Acrílico sobre tela 30 cm x 40 cm

Fotografia

Fotografia a preto e branco

Em “O Barreiro Antigo e Moderno”) pode ler-se:

A Capela da Misericórdia, situada na Praça de Santa Cruz, defronte da Igreja Matriz, é de fundação geralmente fixada nos fins do Século XV, ou, com mais precisão, no reinado de D. João II (1481-1495).

O pequeno templo sofreu diversos arranjos ou alterações. Destas, uma das mais importantes terá sido a que lhe introduziram no Século XVII, pelo desvelado auxílio de D. Isabel Pires de Azambuja, sobrinha da fundadora do Convento da Madre de Deus da Verderena, a qual lhe mandou beneficiar a frontaria, fazendo-lhe um portal, com algum valor decorativo.

É esse portal sobrepujado por uma pedra, na qual está esculpida uma enorme concha em relevo, com uma cabeça de anjo, entre duas asas, reproduzida também a cada um dos lados. Por baixo, encontra-se gravada a seguinte inscrição:

IZABEL PIZ DAZÃBVIA FEZ ESTE PORTAL

Nos derradeiros anos do Século XIX, esta capela estava muito arruinada. Numa circular, com data de 28-III-1900, do Provedor da Misericórdia, Manuel Marinho, lê-se o seguinte: É conhecido de todos o estado miserável de ruína e abandono em que tudo se encontra, parecendo-se mais com um velho pardieiro”.

Num outro documento a que tivemos acesso podemos ler:

É um importante testemunho da assistência aos peregrinos e enfermos, bem como do culto no Barreiro Quinhentista. A Igreja é de planta longitudinal, com dois corpos distintos: capela e sacristia. Terá tido origem a partir de uma Albergaria ali existente em 1492, mas a fundação do actual templo só vem a ser sancionada por D. Sebastião em 1569.

Na capela-mor painéis de azulejos historiados, com elementos relativos à vida de S. João Baptista. Do lado esquerdo do altar a representação do Nascimento de João Baptista e uma cena relacionada com a sua infância. No lado direito, a representação da Visitação e, no painel lateral de menores dimensões, João Baptista, já em idade adulta durante a sua pregação no deserto.

Na cruz que ostenta, a inscrição «ECCE AGNUS DEI» (Este é o cordeiro de Deus).

O altar-mor apresenta um conjunto azulejar do século XX com a representação da Assumpção da Virgem. Foi classificada como Monumento de Interesse Municipal pela CMB em 2003.

Finalmente, acrescentamos mais alguns dados respigados algures na Internet: Em 1955 resolveu-se reconstruir este antigo lugar de culto, para tal o edifício foi reduzido as suas quatro paredes. Seguindo um rigoroso plano de reconstrução e restauro, rebocaram-se as suas paredes, foram-lhe colocados azulejos também eles restaurados. Mais uma vez a CUF não ficou de fora, sendo o tecto, portas e bancos desta renovada capela (madeira bem como a mão-de-obra, trabalho estimado em 200 contos) uma oferta da empresa á Santa Casa da Misericórdia. A reabertura deste local de culto sob a invocação de Santo António, levou á necessidade de adquirir uma imagem do Santo que se crê ser do séc. XVIII e que depois de devidamente restaurada foi oferecida por D. Manuel de Mello a esta capela